O Ébrio

O Ébrio

Agnaldo Rayol

Альбом: Todo O Sentimento
Длительность: 5:54
Год: 1997
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Текст песни

Nasci artista, fui cantor
Ainda pequeno, levaram-me para uma escola de canto
O meu nome, pouco a pouco, foi crescendo, crescendo
Até chegar aos píncaros da glória

Durante a minha trajetória artística
Tive vários amores
Todas elas juraram-me amor eterno
Mas acabaram fugindo com outros
Deixando-me saudade e a dor

Uma noite, quando eu cantava a Tosca
Uma jovem da primeira fila atirou-me uma flor
Essa jovem veio a ser mais tarde
A minha legítima esposa

Um dia, quando eu cantava A Força do Destino
Ela fugiu com outro, deixando-me uma carta
E, na carta, um adeus, não pude mais cantar

Mais tarde, lembrei-me que, contudo
Ela me havia deixado um pedacinho de seu eu
A minha filha, uma pequena boneca de carne
Que eu tinha dever de educar

Voltei novamente a cantar
Mas só por amor a minha filha
E eduquei-a, fez-se moça, bonita

E uma noite, quando eu cantava
Ainda, mais uma vez, A Força do Destino
Deus levou a minha filha para nunca mais voltar

Daí pra cá eu fui caindo, caindo
Passando dos teatros de alta categoria
Para os de mais baixa

Até que acabei por levar uma vaia
Cantando em pleno picadeiro de um circo
Nunca mais fui nada, nada não!

Hoje, porque bebo
A fim de esquecer a minha desventura
Chamam-me, ébrio
Ébrio

Tornei-me um ébrio e na bebida busco esquecer
Aquela ingrata que eu amava e que me abandonou
Apedrejado pelas ruas, vivo a sofrer
Não tenho lar e nem parentes, tudo terminou

Só nas tabernas é que encontro meu abrigo
Cada colega de infortúnio é um grande amigo
Que embora tenham, como eu, seus sentimentos
Me aconselham e aliviam os meus tormentos

Já fui feliz e recebido com nobreza até
Nadava em ouro e tinha alcova de cetim
E a cada passo, um grande amigo que depunha fé
E nos parentes, confiava sim

E hoje ao ver-me na miséria, tudo vejo então
O falso lar que amava e que a chorar deixei
Cada parente, cada amigo, era um ladrão
Me abandonaram e roubaram o que amei

Falsos amigos, eu vos peço, imploro a chorar
Quando eu morrer, na minha campa nenhuma inscrição
Deixai que os vermes, pouco a pouco, venham terminar
Este ébrio triste, esse triste coração

Quero somente que na campa em que eu repousar
Os ébrios loucos como eu venham depositar
Os seus segredos ao meu derradeiro abrigo
E suas lágrimas de dor ao peito amigo