Retrovisor
Canindé
4:58Eu tenho a boca que arde como sol O rosto e a cabeça quente Com Madalena vou-me embora Agora ninguém vai pegar a gente Dei minha viola num pedaço de pão Um esconderijo e uma aguardente Mas um dia eu arranjo outra viola E na viagem vou cantar pra Madalena Não chore não, querida, esse deserto finda Tudo aconteceu eu nem me lembro Me abraça minha vida, me leva em teu cavalo E logo no paraíso chegaremos Vejo cidades, fantasmas e ruínas A noite escuto seu lamento São pesadelos e aves de rapina No sol vermelho do meu pensamento Será que dei um tiro no cara da cantina Será que eu mesmo acertei seu peito Vem, vamos voando minha Madalena O que passou, passou, não tem mais jeito Naquela sombra vou armar a minha rede E olhar os solitários viajantes Beber, cantar e matar a minha sede Lá longe onde tudo é verdejante Não chore não, querida, esse deserto finda Tudo aconteceu eu nem me lembro Me abraça minha vida, me leva em teu cavalo E logo no paraíso estaremos O padre vai rezar uma prece tão antiga Domingo na capela da fazenda Brincos de ouro e botas coloridas Nós dois aprisionados nessa lenda Ouço trovão e penso que é um tiro A noite escura me condena Não sei se vivo, morro ou deliro Depressa pega a arma, Madalena Tem uma luz por trás daquela serra Mira, mas não erra minha pequena A noite é longa e é tanta terra Poderemos estar mortos noutra cena Não chore não, querida, esse deserto finda Tudo aconteceu eu nem me lembro Me abraça minha vida, me leva em teu cavalo E logo no paraíso estaremos Ah, não chore não, querida, esse deserto finda Tudo aconteceu eu nem me lembro Me abraça minha vida, me leva em teu cavalo E logo no paraíso dançaremos