A Volta Do Malandro
Chico Buarque
2:50A greve dos pipoqueiros de Budapeste Não serve aos vaqueiros do agreste Valei-me, Zé Limeira, violeiro do nordeste Até o aboio derradeiro que me reste A leve lã dos carneiros de que se veste Esse corpo brasileiro que me deste Meu fogo de cangaceiro e faroeste Foi neve, depois braseiro, depois confete Tangido pelos caminhos do vento leste Centelha da fogueira do inconsciente Meu verso sem fronteiras tem nascente No canto das lavadeiras, na dor dos penitentes Na voz dos cegos de feira e nos repentes De Virgulino Ferreira e sua gente Cantando na trincheira de combatente É bala na cartucheira dos descontentes Meu verso não tem maneiras obedientes E fere como peixeira profundamente