Negro De 35
César Passarinho
4:30Das roupas velhas do pai Queria que a mãe fizesse Uma mala de garupa E uma bombacha e me desse Queria boinas e alpargatas E um cachorro companheiro Pra me ajudar a botar as vacas No meu petiço sogueiro Hei de ter uma tabuada e o meu livro, Queres Ler Vou aprender a fazer contas e algum bilhete escrever Pra que a filha do seu Bento saiba que ela é meu bem querer E se não for por escrito eu não me animo a dizer E se não for por escrito eu não me animo a dizer Quero gaita de oito baixos pra ver o ronco que sai Botas feitio do Alegrete e esporas do Ibirocai Lenço vermelho e guaiaca compradas lá no Uruguai Pra que digam quando eu passe saiu igualzito ao pai Pra que me digam quando eu passe saiu igualzito ao pai E se Deus não achar muito tanta coisa que eu pedi Não deixe que eu me separe deste rancho onde nasci Nem me desperte tão cedo do meu sonho de guri E de lambuja permita que eu nunca saia daqui E de lambuja permita que eu nunca saia daqui E de lambuja permita que eu nunca saia daqui