Contraponto
Cristiano Quevedo
4:03Nos fins de tarde, depois da lida, Nos verões da vida vivo a te encontrar... Na hora do mate vem prosear comigo... ...Sei que não suspeitas deste meu pesar! – Nos crescemos juntos nesta estância velha E aprendemos juntos as primeiras letras... Dividimos muitas vezes o pesqueiro E machucamos juntos os pés nas rosetas! O tempo escorrendo foi tecendo a teia Do destino que cabe para os desiguais... Hoje eu domo potros, campereio léguas, Nos campos imensos – que são dos teus pais! – Brilhos... danças... sedas: são labaredas A fazer coivaras pra depois, assim, Germinar os sonhos que depois florescem Nas noites insones em que penso em ti!!!... Teus olhos – brilhos – num sorriso meigo... E os meus olhos presos no chispar dos teus... Os teus silentes, na amizade das retinas, Nem se apercebem dos segredos meus! Teus lábios – danças – a sarandear palavras, Que bem resguardas, com atenção... Meus lábios, medo de errar ao ler as lavras, Que estão escritas nas ânsias do meu coração! Teus cabelos – sedas, de um negror profundo – Que entre um mate e outro vejo rebrilhar... – Na tua mão direita o brilho delicado Do anel de noiva... que me dói no olhar!!!