Não Estava Pra Peleia
César Oliveira & Rogério Melo
3:11Era amizade de infância Quando eu era guri de cuidá cavalo Eu assobiava uma marca Quando cantava os galos Tirei pra mim aquele potro Um não vinha sem o outro cortando as tiras O resfôlego do pingo O sono em cima da encília Era um abraço allolargo Pra dois loucos sem família No lombo do meu cavalo Eu tive os mais lindos regalos Um dia uma lei da instância Mandou vendê o meu amigo Desde então ninguém me vê Enforquilhado no estribo Um dia partiu o pingo Se foi não me lembro quando Fiquei banido lá fora Era um bandido sem bando Eu era um pé sem espora Com a vida me atropelando Saia e bebia uns vinho Pra ver a vida voando Revia pelo caminho Perdido me procurando E não tem nada mais lindo Do que um amigo voltando Por isso digo aos meus dias Que escorrem pelo gargalo Vou viver com um pé no estribo Quando encontrar meu cavalo Vou viver com um pé no estribo Quando encontrar meu cavalo Cismo e proso Ei o solito quando uma grana me puxa Uma saudade amoenga Me atenta se faz de bruxa Mas só quem teve um cavalo Conhece vida gaúcha A cerca guarda no grampo Alguma crina decola Gaúcho não anda a pé Se anda não se consola E até a lembrança do potro Me deixa um canto pa sola O potro era da fazenda Tenho um do mesmo só eu Que passo a vida ensilhando Cavalos que não são meus E quando ganho um relincho Exijo graças a Deus Por isso digo aos meus dias Que escorrem pelo gargalo Vou viver com um pé no estribo Quando encontrar meu cavalo Vou viver com um pé no estribo Quando encontrar meu cavalo O patrão vendeu o potro Como quem apaga um puxo Um peão nunca diz nada Sentir saudades é um luxo Anda um cavalo esta hora Com saudade dum gaúcho Me deixem seguir buscando Por esses campitos ralos Dormir em cima da encília só Pra acordar com os galos E andar cantando o Rio Grande Só pra esperar meu cavalo Por isso digo aos meus dias Que escorrem pelo gargalo Vou viver com um pé no estribo Quando encontrar meu cavalo Vou viver com um pé no estribo Quando encontrar meu cavalo