Última Lembrança
Joca Martins
4:12Está findando o meu tempo A tarde encerra mais cedo Meu mundo ficou pequeno E eu sou menor do que penso O bagual tá mais ligeiro O braço fraqueja às vezes Demoro mais do quero Mas alço a perna sem medo Encilho o cavalo manso Mas boto o laço nos tentos Se a força falta no braço Na coragem me sustento Se lembro o tempo de quebra A vida volta pra trás Sou bagual que não se entrega Assim, no más Se lembro o tempo de quebra A vida volta pra trás Sou bagual que não se entrega Assim, no más Nas manhãs de primavera Quando vou parar rodeio Sou menino de alma leve Voando sobre o pelego Cavalo do meu potreiro Mete a cabeça no freio Encilho no parapeito Mas não ato nem maneio Se desencilho o pelego Cai no banco onde me sento Água quente e erva buena Para matear em silêncio Se lembro o tempo de quebra A vida volta pra trás Sou bagual que não se entrega Assim, no más Se lembro o tempo de quebra A vida volta pra trás Sou bagual que não se entrega Assim, no más Neste fogo onde me aquento Remôo as coisas que penso Repasso o que tenho feito Para ver o que mereço Quando chegar meu inverno Que me vem branqueando o cerro Vai me encontrar venta aberta De coração estreleiro Mui carregado de sonhos Que habitam o meu peito E que irão morar comigo No meu novo paradeiro Se lembro o tempo de quebra A vida volta pra trás Sou bagual que não se entrega Assim, no más Se lembro o tempo de quebra A vida volta pra trás Sou bagual que não se entrega Assim, no más Se lembro o tempo de quebra A vida volta pra trás Sou bagual que não se entrega Assim, no más