Poema
Ney Matogrosso
4:23E os negros e pardos cavando Buracos nas ruas, teu sangue Os trabalhadores com seus uniformes Sorrisos falhados, teu sangue E a polícia, milícia, PM E as tropas de choque, teu sangue E os garis e seus caminhões E latas de lixo, teu sangue E nossos índios morrendo de fome De sede, sem dignidade, teu sangue E nos milhares de olhares perdidos Parados, ocultos, teu sangue E nessa dança agonia Essa farsa da vida que planta o medo E nas esquinas que o sol não ilumina Essas caras ruínas sem tetos Vai, amor, até o amanhecer Deixa pra lá essa tristeza sem porque Vai, amor, até o sol raiar Somos do mesmo céu Mesmo som, mesmo ar Somos do mesmo sangue Vai, amor, até o amanhecer Deixa pra lá essa tristeza sem porque Vai, amor, até o sol raiar Somos do mesmo céu Mesmo som, mesmo ar Somos do mesmo sangue Caminemos juntos