Carta De Alforria

Ya
Um brinde à liberdade e aos tropas que ainda são leais
Mesmo apesar da fama os valores são fundamentais
Tou te a escrever uma carta pra saber como é que vais
Que Deus te guarde o teu sorriso sem ter guardas prisionais
Vivendo e aprendendo
Esboçando sentimentos
Mandei-te um envelope pro dia do julgamento
Relógio nunca pára a gente leva só momentos
Porque no final do jogo não vai ter prolongamento
Broda eu sigo na minha
Tenho mais do que antes tinha
Dentro desta carapinha
Ainda tem traumas evidentes
O pouco a gente tinha
Muitas vezes nem comia
Ainda essa gente nem sabia o que é jejum intermitente

Cresci, pensei, lutei, mudei
Mesmo desempregado eu trabalhei (também)
Ninguém me perguntou graças a Deus tou bem
Vou ter que repetir graças a Deus tou bem

E pa vingar os tempo de ir a pé pra C+S
Se Deus quiser ainda vou comprar o GLS
Cantar pa alguém pensar é mais difícil que parece
Dançar pra não pensar era mais fácil se eu soubesse
Meios pra atingir os fins eu tinha a luva pronta
No estudo do meio eu era o puto lá da ponta
Broda lembras que a gente nem passava a montra
Agora a contar maços com quem dividia pontas
Nada contra
Quem olhou de lado
Olhei pra frente e compensei o tempo que eu fiquei privado
Dois anos no colégio deixaram-me revoltado
Ovelha negra da família, eu já nasci preto ao quadrado

Hey
Minha palavra não caduca
Mas o silencio às vezes passa mea-culpa
Ninguém dá nada, a ninguém eu não dei desculpa
Vitaminado mas eu nunca dei na fruta
Infância é pra ver desenho animado
Ja alguma vez tu viste um corpo a ser reanimado?
Conflitos entre bairros se o cenário for espelhado
O adversário até podia ser alguém do nosso lado
Livre mas não me livrei dos danos
Sei de onde a gente vem mas não sei bem pra onde vamos
Cortei com o meu sobrinho há mais ou menos 15 anos
O orgulho às vezes faz-nos afastar de quem amamos
Primeiro som já faz uns anos
Quem diria que isto ia fazer parte dos meus planos
De norte a sul da tuga os vários palcos que esgotámos
E agora o Meo Arena, vê só como é que nós tamos
Bem longe do barulho das sirenes
No concerto do Denga dei ao Richie a minha pen
Conversas construtivas apesar de eu ser teimoso
No escritório com o Afonso, até fazer historia com o Ben

Broda eu vim de longe, eu vim de longe e nunca esqueço os vários trilhos e caminhos
Nada chegou de repente
O mundo foi ingrato e levou o meu irmão da gente
Eu sei que ainda tás aqui, eu vou te lembrar para sempre

O mundo faz batota
Eu fiz o meu papel pa vir gastar a nota
Vim sem fazer batota
Conselhos valem mais do que dinheiro anota
Ajoelhei no chão antes de orar
No dia do velório pra ninguém me ver chorar
À noite eu via as estrelas e ficava a perguntar
Mas se o bom morre cedo, então porque é que ainda tou cá?
E agora que eu sou pai, dou mais valor às três Marias
A minha Avó educou bem a minha Mãe e as minhas Tias
Mana eu não me esqueço do bolo de aniversário
Tu e a prima me fizeram, eternizar aquele dia
Omeletes sem ovos, nós fizemos alquimia
Tava predestinado, eu vir cumprir a profecia
Pobreza na infância era feliz e nem sabia
Escrevendo a minha Carta de Alforria

Escrevo-te esta carta pra ouvires quando não tiveres ninguém
Quando a vida não correr bem
Livre como o tempo, Deus me livre de não ver além
Quando a vida não correr bem
Escrevo-te esta carta pra ouvires quando não tiveres ninguém
Quando a vida não correr bem
Livre como o tempo, Deus me livre de não ver além
Quando a vida não correr bem

Eu sou livre
Um caminho pela frente
Eu sou livre
Um caminho pela frente
Eu sou livre
Um caminho pela frente
Eu sou livre
Um caminho pela frente