Lado Lunar
Rui Veloso
4:34Um homem estava sentado à sombra duma azinheira Quando ouviu na ramagem uma ave cantadeira Lançada em cantorias sem mensagem sem destino Ou talvez cantasse ao sol que subia mesmo a pino O homem era caçador cansado do seu caçar Tocado pela cantoria deu em querer cantar Subia a manhã dos tempos e não havia canções E não havia canções (e não havia canções) E não havia canções (e não havia canções) Desde então na azinheira sentou-se o caçador A ouvir a cantadeira e a sonhar-se cantador E assim o caçador foi usando a sua clave Foi abrindo a sua alma e caçou a alma da ave Levou-a para a caverna estudou-a ao pormenor E de trinado em trinado descobriu o dó maior Subia a manhã dos tempos e não havia canções E não havia canções (e não havia canções) E não havia canções (e não havia canções) não Foi monge no seu mosteiro mercador e camponês Trovador e guerreiro cantou o amor cortês De gregório até Sinatra tornou-se voz apurada Da caverna até ao casino fez-se uma ave dourada Que voa no céu do Scalla e no do Royal Albert Hall Sobre campos de algodão e urbes de rock and roll É o meio-dia dos tempos e ainda se inventam canções E ainda se inventam canções (e ainda se inventam canções) E ainda se inventam canções (e ainda se inventam canções) E ainda se inventam canções (e ainda se inventam canções) E ainda se inventam canções (e ainda se inventam canções) E ainda se inventam canções (e ainda se inventam canções) E ainda se inventam E ainda se inventam canções (e ainda se inventam canções) E ainda se inventam canções (e ainda se inventam canções) E ainda se inventam canções (e ainda se inventam canções) E ainda se inventam canções (e ainda se inventam canções) Ainda E ainda se inventam canções (e ainda se inventam canções) E ainda se inventam canções (e ainda se inventam canções) E ainda se inventam canções (e ainda se inventam canções)