Flor De Maio

Não adianta me ver, sorrir
Espelho meu, meu riso é seu
Eu estou ilhada
Hoje não ligo a TV nem mesmo pra ver o Jô
Não vou sair se ligarem não estou
Amanhã que vem, nem bom dia eu vou dar
Se chegar alguém a me pedir um favor, eu não sei
Tá difícil ser eu, sem reclamar de tudo
Liguei os pontos e vi que não era páreo
Quando disse "eu te amo", falava sério
Mas pro seu coração eu peguei um atalho
Seu perfume caro, meu iPhone velho
Fotos de maio do ano passado
Me leva no show da Madonna, te quero
Me chamando pra ir no teu aniversário
Vamo comigo lá no show do Belo
Já papo de nove e quarenta que eu saio
Tu liga se eu for de chinelo?
Rio de Janeiro é calor pra carai
Nós é tudo cria da Cesário de Melo
Pra Niterói, São Gonçalo
Depois da ponte, um estalo de dedos
Neblina por todos os lados
Chove no Rio de Janeiro
E mesmo com esse calor
É Sério, seu beijo parece o carregador
Te digo, que o verso do Geizon sonega a dor
Tipo filme do Fellini, la doce vitta de um camelô
Olhos kodak revelam meu plano de sonhador
Que o espinho plantado na rosa no asfalto ali tem amor
Manhã de outubro
O seu oceano castanho, eu me lembro
Me lembro de tudo
No quantos os filmes e discos eu tenho
Num quanto que eu fujo
Num quanto eu finjo o rascunho e desenho
Num verso sujo
Pintando em céus de Realengo
Passa a nuvem negra, lave o dia
E vê se lava o mal que me arrasou
Pra que não faça sofrer mais ninguém
Esse amor que é raro e é preciso
Pra nos levantar, me derrubou
Não sabe parar de crescer e doer