Tradição
Edilberto Bérgamo
4:31PEALADOR Primeiro foi de Cucharra Nas mãos do potro ligeiro Que o laço compos a armada Para meu veso campeiro; Que sustentou firme a trança, No tirador o tirão; E a poeira ganhou o vento E o lombo ganhou o chão. Depois boleou de Bolcado Virando a palma da mão E a armada junta as “canela” Pra reza de algum pagão; Que nunca teve uma fé Tão pouco chorou seu pranto Mas olhou pra Deus no céu De joelhos no altar do campo. Compôs as tantas rodilhas Não soltou o laço, ao invés Abanou a flor dos tentos Pra pealar de Revés; Por certo foi mais um tombo “Pegou” a armada certeira, E a voz que “prendeu o grito” Fez silênciar a mangueira. Que viu nascer sobre o chão Tantas sementes de tombo Semeadas sim, com mão boa Num pealo de Sobre-Lombo; Que escreve o verso da terra Sem a palavra da rima Que encontra o mundo ao avesso Vendo de baixo pra cima. E a mão reiventa o sorriso Na armada em céu de esperança E muda a forma do dia Num tiro de Toda a Trança; Que faz beijar trevo e pasto, Sobre um pendão de flexilha Sustenta a dor do tirão Com a cor da mão na presilha. Primeiro foi de Cucharra De Bolcado e Sobre-Lombo Depois Revés, Toda a trança Pra rude escola do tombo; Que mostra o mundo ao avesso E a contra-prova da dor Que queima a mão, tisna o couro E encanta o Pealador.